sábado, 26 de maio de 2012

"A frouxidão no amor é uma ofensa,
Ofensa que se eleva a grau supremo;
Paixão requer paixão, fervor e extremo;
Com extremo e fervor se recompensa.

...
Vê qual sou eu, vê qual és tu, vê que diferença!
Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo;
Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo;
Em sombras a razão se me condensa.

...
Tu só tens gratidão, só tens brandura,
E antes que um coração puco amoroso
Quisera ver-te uma alma ingrata e dura.

...
Talvez me enfadaria aspecto iroso,
Mas de teu peito a lânguida ternura
Tem-me cativo e não me faz ditoso."
                                     [Bocage]

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